segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Encerrando Ciclos

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. 

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? 
Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? 
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? 

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. 

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. 

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. 

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

"Amar é descobrir os avessos



É olhar o outro lado, o nunca visto, o não investigado.
Amar é exercício de investigação, de constante e atenta observância.
Só o observar silencioso da existência nos capacita para uma formulação de palavras...
Só pode dizer alguma coisa sobre uma pessoa, aquele que soube demorar, que soube ficar, permanecer, vigiar, descobrir. As palavras reveladoras só nascem depois da observação silenciosa.
Uma mulher não se sente amada no momento em que o homem a proporciona uma noite de amor, apenas...
Mas sobretudo no momento em que se sentam à mesa de um restaurante, e sem que ela diga nada ele lhe pede o prato favorito.
Amar é descobrir os gostos, os sabores particulares, os desejos mais ocultos.
Amar é saber a cor favorita, o número que calça os pés, o que causa medo e o que encoraja.
Hoje fiquei pensando...
Meu pai morreu sem que eu soubesse qual era sua cor favorita..."


Pe. Fábio de Melo

Talvez nem devesse ser, esse sentimento nem foi amor; talvez, quem sabe, uma admiração por alguém que te faz sorrir quando quem mais precisava de carinho era ele. Se fosse amor, não acabaria tão fácil, não teria que ser avisado de sua identidade.
                Se fosse amor, existiria a vontade de correr atrás, de estar perto, de fazer planos. Mas não foi amor, foi apenas carinho, brincadeira, coisa boba que o coração quer se pôr antes da razão. Amor não machucaria, não faria doer e não sumiria no vento.
                Foi um sonho bobo, coisa de adolescente e então terminou. O coração sonhador cresceu com as pancadas da vida e, finalmente, percebeu que deixar a razão em sua frente lhe livraria de muitos tropeços, desilusões e decepções que viessem com o tempo.
                O coração deixou de ser bobo, não quer se machucar, pois já existem cicatrizes de mais para tão pouca idade. Ele quer viver, viver mais feliz, se recuperar para um dia, novamente, bater forte por alguém que o cuide, sem mais bagunçar sentimento e razão.

[Betina C.A]